Há 189 anos, negros de diversas origens étnicas (os nagôs (iorubá), haussás...) e de credo muçulmano, forçados a viverem em cativeiro, rebelaram-se e protagonizaram a mais famosa revolta de escravizados do Brasil: a Revolta dos Malês deflagrada em 1835, na cidade de Salvador, na Bahia.
Na Salvador, da época, de 65 mil habitantes, cerca de 80% da população era formada por negros e, destes, 40% eram escravizados. Entre os objetivos da revolta dos Malês estava o fim da imposição do catolicismo, a abolição do regime escravocrata e a fundação de uma república islâmica no nordeste do Brasil.
Quem eram os Malês?
Os malês (ou imalês – mulçumanos - no idioma ioruba) eram estudiosos, em sua maioria, sabiam ler e escrever em árabe e fazer contas, um dos motivos da preferência em usá-los como escravizados de ganho, e atuavam na área urbana de Salvador, trabalhando em comércio, na venda de frutas, ou como sapateiros, ferreiros, pedreiros.
Com a possibilidade de maior mobilidade na cidade, os Malês mobilizaram-se e, de forma estratégica e ousada, conseguiram incitar os demais escravizados a participar da revolta, construindo assim um movimento forte. Para os Malês O 25 de janeiro era uma data simbólica, por tratar-se de uma festa conhecida como “Lailat al-Qadr”, a Noite da Glória, que comemora o dia em que o Corão (o livro sagrado islâmico) foi revelado para Maomé.
Cerca de 600 negros, entre escravizados e libertos, armaram-se de paus e lanças e iniciaram a Revolta, que era formada exclusivamente por negros africanos. A batalha concentrou-se na Praça Castro Alves, onde os revoltosos foram repreendidos de maneira extremamente violenta.
A consequência da violência foi o massacre de 70 negros, o açoitamento e deportação de outros para outros lugares do Brasil e da África, além de prisão. Contudo, até os dias atuais, a revolta dos malês constitui-se como uma grande referência para os movimentos abolicionistas brasileiros.
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