O 20 de Novembro é um marco para reafirmarmos o que sempre defendemos: o Brasil só conhecerá uma democracia plena quando assumir, com responsabilidade, a verdade sobre as desigualdades raciais que estruturam o país.
Durante décadas, setores da elite tentaram ocultar a profundidade dessas desigualdades, mas a consciência negra seguiu atravessando gerações, orientando projetos de liberdade e dignidade.
Para o Instituto Cultural Steve Biko, essa consciência é fundamental. Como ensinou Steve Biko, reconhecer o próprio valor é um gesto político que impulsiona transformações e rompe silenciamentos. Celebrar o 20 de Novembro é afirmar memória, direção e compromisso coletivo.
Nossos passos vêm de longe.
Passos que vêm de um povo que sabe que a liberdade só se sustenta quando é acompanhada de consciência crítica.
Que vêm das mulheres negras que há séculos constroem caminhos de resistência, afetividade, proteção, cuidado, organização comunitária, produção de conhecimento e de bem viver.
Essas caminhadas ancestrais ecoam hoje em mobilizações como a Marcha das Mulheres Negras, que reuniu mais de 100 mil mulheres negras do Brasil em 2015, contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver. Movimento que ampliou o debate nacional sobre justiça racial e equidade de gênero, reafirmando a centralidade das mulheres negras como protagonistas da transformação social.
Celebrar o 20 de Novembro é reconhecer essa força e renovar nosso compromisso com a construção de um país onde a população negra exista com plenitude, direitos, oportunidades e respeito. É afirmar a urgência de que o Brasil encare sua história com honestidade e responsabilidade — porque sem memória não há justiça, e sem justiça não há democracia possível.
Seguimos em marcha.
Com consciência, com história e com a determinação de que o passado não seja negado — mas reconhecido, assumido e reparado.